Ser mãe solo é um verdadeiro desafio que muitas mulheres enfrentam diariamente na maternidade. Não é fácil criar e educar uma criança sozinha, sem a presença da figura paterna ou qualquer tipo de apoio do pai.
O termo mãe solo propõe uma correção histórica muito importante a popular a inadequada expressão “mãe solteira”. Afinal, qualquer mulher pode estar em um relacionamento e mesmo assim, ter que criar seus filhos sem a ajuda do parceiro. Ou seja, é possível ser mãe solo mesmo em um casamento.
Neste conteúdo, você vai entender de forma profunda o que é ser mãe solo e quais são os desafios dessa situação tão complexa.
O que é mãe solo? Uma conversa sem tabus
O termo mãe solo denomina todas as mulheres que assumem a responsabilidade exclusiva da criação de seus filhos, na maioria das vezes por conta de um abandono da parte paterna.
Isso significa criar, proteger, cuidar, alimentar e sustentar sozinhas as crianças. Assim, elas exercem, no mínimo, dois papéis ao mesmo tempo: o de mãe e o de pai. Não é novidade que, muitas vezes, o cenário pode ser ainda mais desolador, com os cuidados sendo exercidos de forma totalmente solitária, ou seja, sem mesmo uma rede de apoio.
Para se ter uma ideia, pesquisas do IBGE mostram que cerca de 11 milhões de mulheres brasileiras são mães solo. Um número gigantesco que mostra que essa é uma realidade bem comum. [1]
Na prática, a mãe solo é a única responsável legal dos seus filhos, acumulando responsabilidades quanto ao bem-estar financeiro, social, psicológico e emocional dessas crianças.
Como é ser mãe solo no dia a dia?
Com toda certeza não é algo fácil, afinal, a maternidade por si só já é extremamente complicada e repleta de desafios. Imagine encarar solitariamente todas as responsabilidades, sem o auxílio do parceiro?
Ser uma mãe solo é ter de lidar com toda uma sobrecarga de deveres, sofrer com o julgamento das pessoas, ter que ouvir vários comentários preconceituosos e ainda conciliar a vida pessoal e profissional aos cuidados dos filhos.
No entanto, esses fatores precisam ser postos de lado, já que as crianças precisam de alimentos, roupas, proteção e carinho diariamente. Esse cenário faz com que essa mulher, essa mãe, acabe se colocando de lado, esquecendo suas próprias necessidades, sonhos, desejos, para ver feliz e seguro quem elas mais amam.
Por que é errado dizer mãe solteira?
A primeira coisa é que ser mãe não é um estado civil. É possível estar em um relacionamento e continuar sendo solitária na criação das crianças. Assim como é totalmente normal, optar por ser mãe e solteira ao mesmo tempo.
É preciso ter em mente que não é preciso estar em um relacionamento para ter que compartilhar a educação do filho. A maternidade, assim como a paternidade, é um dever e um direito para com os filhos. Entretanto, ser esposa ou namorada não é algo que deva ser enxergado como uma das obrigações de uma mãe.
Além disso, esse termo tem uma conotação negativa que remete a uma época em que as mulheres tinham ainda menos direitos do que atualmente. Ou seja, em um tempo em que o pensamento do patriarcado considerava somente o matrimônio como um espaço legítimo para o nascimento de novas crianças.
Por isso, guarde essa expressão e utilize o “solo” no lugar de “solteira”, pois ele representa muito melhor a realidade dessas mulheres.
Quais são os desafios enfrentados pelas mães solo?
Os desafios enfrentados pelas mães solo são diversos, indo desde uma exclusão por parte da sociedade até mesmo dificuldades no mercado de trabalho. Vamos ver mais de perto quais são essas dificuldades?
1. Desafios no trabalho
Trabalhar e criar os filhos ao mesmo tempo, é extremamente cansativo e complicado, levando a altos níveis de estresse e sobrecarga emocional.
E muitas não têm escolha, precisando trabalhar para sustentar financeiramente as crianças, a casa e a si própria. Ainda existem muitas dificuldades em entrar no mercado de trabalho, afinal, não é tão fácil encontrar creches ou escolinhas para os filhos ficarem durante o expediente.
Além disso, existe um preconceito no mercado em contratar mães, por conta do pensamento — ultrapassado e patriarcal — de que elas deveriam ficar em casa para cuidar dos filhos.
Outro motivo é acharem que por isso elas serão menos produtivas e ainda vão faltar mais quando as crianças estiverem doentes, por exemplo.
2. Exclusão em diversas atividades na sociedade
Os desafios não se limitam somente ao mercado de trabalho, eles estão presentes em vários outros segmentos da sociedade.
Muitos lugares não possuem uma estrutura adequada para receber as crianças e suas mães. Por exemplo, como a falta de diversos espaços e comodidades que ajudariam a rotina de uma mãe solo, como:
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Salas de amamentação;
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Rampas para carrinho de bebê;
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Brinquedotecas;
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Creches.
Inclusive existem diversos estabelecimentos que restringem a entrada de mães com seus pequenos, afetando e muito a rotina delas, causando diversos problemas emocionais e financeiros.
3. Maior risco de doenças
Ao ter que enfrentar todas essas dificuldades e responsabilidades da maternidade de forma solitária, a vida se torna extremamente cansativa. Exaustiva, para falar a verdade.
Com uma maior liberação de hormônios relacionados ao estresse e sem um tempo reservado para o lazer e descanso, o organismo fica desequilibrado. A partir disso, podem surgir várias doenças como: ansiedade, depressão, síndrome de Burnout, pânico, entre outros.
Os problemas também não se limitam somente à saúde mental, eles chegam a vários pontos do corpo. O estado de alerta constante e o estresse aumentam os riscos de desenvolver uma hipertensão e outras doenças.
E já que falamos sobre essas doenças, confira o nosso conteúdo aqui no blog sobre a saúde da mulher para saber como se prevenir desses problemas!
Frases para não dizer a uma mãe solo
Agora que você já sabe o que significa ser mãe solo e alguns dos principais desafios, deu para perceber que a última coisa que se deve fazer é julgamentos, certo?
Por isso, conheça algumas expressões que devem ser evitadas e superadas por toda a sociedade.
“Cadê o pai da criança?”
Essa é uma das mais comuns e com certeza deve ser evitada. Cada família é diferente uma da outra e teve uma história de formação, por isso, não é justo e nem legal questionar uma mãe sobre o porquê de ela não estar acompanhada de um parceiro.
Existem vários tipos de família diferentes e cada uma delas merece muito respeito. Então, nada de fazer essa pergunta.
“Como você vai se virar sozinha?”
Qualquer mãe sabe que ter um filho gera diversos gastos e, por isso, não precisa ficar lembrando ela a todo momento disso. Até porque esse pode ser um assunto delicado, afinal, muitas mulheres precisam se desdobrar para conseguir sustentar suas crianças.
Por conta disso, ficar perguntando sobre o assunto pode ser ruim mentalmente para algumas mamães, então vamos evitar essa frase também.
“Não coloque qualquer um dentro de casa”
As mães solo costumam ter muita dificuldade em encontrar um tempo para si mesmas, principalmente em achar espaço para arrumar um relacionamento amoroso.
Elas precisam ter uma rede de apoio que ajude a cuidar das crianças para poderem sair e se encontrar com outras pessoas. E todas sabem da responsabilidade que têm ao encontrar um novo par, por isso, não é necessário ficar lembrando.
Quais os direitos que uma mãe solo tem?
No Brasil, o Senado aprovou um projeto que cria a Lei dos Direitos da Mãe Solo com uma série de medidas que visam auxiliar as mulheres que enfrentam essa situação.
Algumas das medidas previstas são: prioridade em creches, cotas de contratação nas grandes empresas, pagamento em dobro dos benefícios e subsídio no transporte.
Elas beneficiam todas as que estão cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e tenham dependentes de até 18 anos.
Com isso, as mães solo ganham um suporte muito importante na criação dos seus filhos que vai ajudar em diversos aspectos da vida familiar.
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Referências:
[1] Dia das Mães: a vida das 11 milhões de brasileiras que criam os filhos sozinhas. Disponível em: . Acesso em: 4 maio. 2023.
